Paredes no REVIT – Precisamos falar sobre isso!

Um dos assuntos mais comentados e discutidos em Revit é a estrutura de paredes no REVIT. Agregado a isso temos as questões relativas aos revestimentos e melhores técnicas de como defini-los.

Como as paredes são um dos elementos que mais modelamos nos projetos, torna-se importante decidir a melhor forma de montá-las para evitar retrabalhos ou limitar as possibilidades de manipulação. 

Sim, porque existem várias formas de fazer isso dependendo de cada uso ou necessidade.

Paredes multi camadas, paredes “cebola”, paredes empilhadas, paredes com superfícies cortadas, partes…Afinal qual é o melhor tipo de parede no REVIT para você usar nos seus projetos?

Bem, depende! Fica comigo que eu te explico melhor.

Então continue lendo porque vou mostrar tudo o que você precisa saber para escolher o melhor sistema de paredes para o seu projeto. 

OS TIPOS DE PAREDES MAIS USADOS

Afinal de contas qual é o melhor sistema de paredes no Revit? Na verdade não tem “o melhor” porque vai depender das características do seu projeto e de como você vai usar o modelo BIM.

E um dos aspectos mais importantes para definir isso é saber se o projeto será uma obra nova ou se será uma reforma. Vamos ver isso em seguida.

Vamos começar a analisar os prós e contras de cada sistema para que ao final você esteja apto a fazer a melhor escolha.

PAREDES MULTI-CAMADAS

É o tipo mais comum de parede onde todas as suas camadas são especificadas na janela de Edit Assemby (editar montagem). Nela você especifica o tipo de material para cada camada, sua espessura e sua função.

Uma parede típica de tijolos teria um núcleo com o material Alvenaria de tijolos, os rebocos de cada lado como Substrato e camadas externas de pintura com a função de acabamento.

Esse tipo de parede é própria para os sistemas pré-fabricados onde todo o “sanduíche” de camadas já vem pronto para a instalação. Trata-se de uma realidade construtiva mais comum em países mais industrializados onde se depende menos da mão-de-obra. 

Esse tipo de parede é muito prática porque basta você ir inserindo as paredes que todas as camadas irão junto mas…..

Sempre tem um mas, né? Bom, aqui você tem que lembrar que, como todas as camadas sempre estão juntas, você não conseguirá atribuir fases diferentes para cada uma delas.

Lembra que eu falei que saber se uma obra é nova ou se é uma reforma é importante para decidir o tipo de paredes que serão usadas? Pois é. Esse é o caso.

Se a obra for nova as paredes multi-camadas são uma boa opção porque, como tudo será construído (novo), quando você modelar as paredes numa vista da fase Nova, todas as camadas da parede também serão consideradas Novas para o Revit.

Agora se você está fazendo um projeto para uma reforma lembre-se de que vários elementos serão mantidos. Por exemplo, várias alvenarias serão demolidas e outras terão suas estruturas mantidas recebendo camadas novas de rebocos e pinturas.

Perceba que nesses casos os núcleos das paredes (material de tijolos) será mantido e terá seu status como Fase criada: Existente e Fase Demolida: Nenhuma. Significa que não serão demolidas.

PAREDES MULTI-CAMADAS – CONTROLE VERTICAL

A outra questão envolvendo paredes multi-camadas é como controlamos as alturas de cada camada de sua composição.

Uma situação bem comum é você ter uma parede revestida com cerâmica que irá ser instalada até o forro. Se você mantiver a parede com a configuração padrão todas as cerâmicas irão até o topo da parede o que vai acarretar um erro no quantitativo de revestimentos.

Para resolver isso você pode ajustar as alturas das camadas customizando sua estrutura através do modo de visualização de corte que tem opções para manipular as camadas de forma independente.

Essas customizações exigem procedimentos um pouco mais chatos que vamos mostrar em futuros vídeos.

Ainda assim, essa técnica exigirá a construção de vários tipos de paredes diferentes ou a modificação manual das alturas de camadas. Ainda estamos falando da altura das cerâmicas, lembra? Reforçando que essas multi-camadas estão sempre na mesma fase, então a obra será toda nova.

PAREDES “CEBOLA”

Sim, eu sei que esse nome aportuguesado não transmite muita credibilidade. Mas ainda assim acho um bom e engraçado nome. Antes de tirar sarro , saiba que esse método é o mais poderoso e o que mais se alinha com a filosofia BIM de construção virtual.

As paredes multi-camadas que comentamos na seção anterior são excelentes mas não podem ser usadas para reformas. É possível que no futuro o Revit permita a definição de fases distintas para cada camada e, nesse caso, os problemas estariam resolvidos. Por enquanto não temos esse recurso.

Então, as paredes “cebola’  permitem toda flexibilidade do mundo nos projetos. Vamos ver como são feitas.

PAREDES NO REVIT: TIPO “CEBOLA” – CONCEITO

O conceito é simples: para cada camada temos uma parede diferente de tal forma que podemos selecioná-las e alterar suas propriedades de fase separadamente. Assim podemos definir que uma parede de alvenaria será mantida, mas que seus rebocos serão removidos. Essa mesma parede vai receber de um lado um revestimento cerâmico até altura de 1,50m e do outro lado receberá pintura.

Perceba que toda essa variedade de opções somente é possível se cada camada for uma parede diferente. É a forma mais segura de obter quantitativos de paredes e revestimentos mas….

Sempre o mas…estava tão perfeito! O ônus desse tipo de parede é que sua construção dá mais trabalho. Enquanto que numa parede multi-camadas você dá dois cliques e define uma parede com todas as duas camadas prontas com as paredes “cebola” você vai ter que dar vários cliques para compor a mesma parede.

Isso seria uma trabalheira enorme se você tivesse que fazer manualmente. Felizmente há plugins que fazem isso de maneira automática e em escala por meio dos limites das Rooms (ambientes). Um deles é o Room Finishing. Para acessar o plugin gratuito vá para a loja oficial da Autodesk clicando aqui.

Veja também o nosso vídeo sobre o uso desse plugin clicando aqui.

PAREDES “CEBOLA” – EXTRAÇÃO DE QUANTITATIVOS

Como comentamos anteriormente, com as paredes “cebola” fica muito mais fácil e preciso obter as tabelas de quantitativos. Por meio do preenchimento dos parâmetros de tipo já disponíveis podemos categorizar as paredes em grupos que permitirão as extrações que você quiser.

Uma prática interessante é usar o campo Assembly Code (código de montagem) que não tem função na nossa realidade construtiva para atribuir códigos conforme o tipo de parede.

Pode ser algo do tipo:

Quando você quiser fazer uma tabela só dos revestimentos, tipicamente aquela que também contém os códigos dos materiais, você filtrará as paredes cujo parâmetro Assembly Code (código de montagem) comece com ACA.

Quando você quiser fazer uma tabela de quantitativos das paredes de vedação como alvenarias, drywall e outras, você filtra as paredes cujo parâmetro Assembly Code (código de montagem) começa com VED. E assim por diante.

PAREDES NO REVIT: TIPO EMPILHADAS

As paredes empilhadas são aquelas em que você pode “empilhar” paredes diferentes para formar faixas horizontais distintas. É excelente para conformar paredes complexas mas também também tem a restrição de só ser aplicável para obras novas.

Esse tipo de parede também cria alguns problemas na extração de quantitativos uma vez que cada faixa de parede que compõe a parede empilhada será quantificada como uma parede separada. Essa situação pode gerar uma  leitura equivocada.

Moral da história: Só use paredes empilhadas para composições muito complexas de paredes e em obras novas. Também fique atento à forma de extração de informações nas tabelas.

REVESTIMENTOS DE PAREDES COM PAINT

Usando a ferramenta PAINT você pode atribuir um material específico uma camada externa de uma parede multi-camadas.

Você também pode usar a ferramenta SPLIT face  para “cortar” uma camada externa de uma parede multi-camadas e atribuir a áreas diferentes dessa parede materiais diferentes através da ferramenta PAINT.

PUXA, MAS ENTÃO ISSO É ÓTIMO!

É legal sim, mas fique atento às observações a seguir para não se complicar.

Muitas pessoas usam essa técnica por ser muito “prática” para rapidamente atribuir pinturas em paredes.

O problema é que a ferramenta PAINT literalmente “pinta” um material sobre uma camada e não muda efetivamente o material na camada da parede. É meio de mentira. Você poderia atribuir um material de pintura sobre uma camada de reboco, por exemplo.

Então numa extração de materiais de paredes você terá erros de quantificação e nenhum controle sobre as camadas.

Você só consegue “listar” as pinturas através de uma tabela do tipo Take Off (de materiais) onde esses acabamentos aparecerão no parâmetro Material: As Paint.

Um uso possível seria criar paredes cujas camadas externas sejam “neutras” para que elas possam receber materiais através da ferramenta PAINT.

Reforço novamente que esse procedimento foge um pouco do conceito de construção virtual do BIM já que as camadas não estão sendo alteradas de verdade.

PAREDES NO REVIT: PARTES – Cuidado com o perigo!

O conceito de Parts no Revit na sua essência foi uma boa ideia mas, infelizmente, apresenta muitos problemas que não foram solucionados pela Autodesk. Aparentemente a empresa parou de desenvolver essa ferramenta ficando relegada a usos muito específicos dos modelos.

A ferramenta basicamente “explode” uma parede multi-camadas permitindo edições individuais tanto de propriedades quanto de geometria. O Revit também permite um controle de visualização dos estados das paredes: original ou com partes.

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MAS NÃO ERA ISSO QUE A GENTE QUERIA MESMO? ENTÃO TÁ RESOLVIDO!

Infelizmente não. As partes geram uma série de problemas que, ao se acumularem, acabam virando um pesadelo na gestão do modelo. 

Alguns problemas conhecidos:

• Grande aumento no processamento de iterações entre as paredes gerando Crashes frequentes e maior chance para arquivos corrompidos.
• Problemas de união entre paredes pela quantidade de partes geradas
• Dificuldade de extração de dados já que essas camadas pertencem a outra categoria.
• Piora na perfomance de modelos mais complexos e projetos maiores.
• Problemas nos controles gráficos das partes e na exportação para DWGs
• Dificuldade nas alterações e bugs em geometrias mais complexas

Todo esse papo foi só para recomendar a você para que NÃO USE PARTES.

A ideia é muito boa mas, na prática, gera muita dor de cabeça. Acredite, eu já passei por isso e não foi legal.

CONCLUSÃO

Avalie bem a forma como vai estruturar as suas paredes de acordo com o tipo de projeto que você vai fazer. Se é uma obra nova ou se é reforma.

Pense em como você precisará extrair as informações de tabelas e tente simular as situações antes de modelar todo o projeto.

O interessante seria não ficar misturando as diversas formas de estruturação das paredes deixando-as prontas e disponíveis no seu arquivo template. Assim você vai poupar muito tempo além de manter uma consistência de apresentação. Vamos discutir em outros artigos o tema dos templates.

Com essas informações você já está apto a avaliar a melhor maneira de estruturar as paredes no seu projeto. Agora é mãos à obra!

Agora comente aqui se você já conhecia essas informações ou se tem outras para compartilhar conosco. Abração!